sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Gaiola de Vidro

"Como paredes através das quais

o mundo vemos pelo ser dos outros,
quem vamos conhecendo nos rodeia,
multiplicando as faces da gaiola
de que se tece em volta a nossa vida.
No espaço dentro (mas que não depende
do número de faces ou distância entre elas
nós somos quem nós somos: só distintos
de cada um dos outros, para quem
apenas somos uma face em muitas,
pelo que em nós se torna, além do espaço
uma visão de espelhos transparentes."

Mas o que nos distingue não existe.


Jorge de Sena
Agosto de 1967

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

sem título

No inesperado há uma espera
há o contorcer das mãos no nada,
a envolvencia dos tecidos que se colam,amaçam, apertam.
um fio de cabelo que flutua no ar tempestuoso,
dois olhos molhados , formosos, á tona...

sábado, 6 de novembro de 2010

" Comencé a darme cuenta de que todo em ti me da miedo.
Tus ojos...
Tu boca...
Tu sonrisa...
Tu manera de hablar, el tono de su voz
Su olor...Su perfume,
Su respiración...
Su piel...
Para mí, lo que me da más miedo es el color de su piel."

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Bem lá no topo

Proibido é o fruto, aquele dito o mais apetecido (acrescentando) e o inalcansável...
Em música flui o meu movimento, deixando-me levar e empurrar pelas artimanhas do vento,usando forças já desconhecidas, talvez as do teu brilho, talvez as do teu cheiro.
A neblina habitual que me esfria o corpo é indiferente e as pedras de baixo dos meus pés são um desafio .
Caminho em passos largos pelo timbre da tua voz que me fascina, mas que me aprisiona sem qulquer dó!
O suor escorre-me pelas mãos e as unhas consolam os dentes , estes mortos de desejo.
De soslaio olho em redor...vislumbrando o fruto que me seduz, que me cativa ...e a satisfação não é discreta, desfazendo-se em momentos, momentos em que o vento pára.
O fruto não é palpável, é sim visivel no topo da "árvore", bem lá no topo...
Mordisco os meus lábios até escorrerem de dor, olho com o egoísmo de querer, de ter nas maõs esse fruto.
P.S: Não tenho vertigens.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Lugar (IN)útil


Frágil e incoscientemente , toco na firmeza deste lugar inútil.
Um suspiro falso se ergue na tua chegada...um choro de engano solta-se na tua ida.
As rugas vingam-se da memória , e ventos jámais te trarão tão perto.
Com intensidade os segundos passam, e relembro a indifrença de "saber falar a tua lingua", a indifrença de te ver vaguear.
Hoje quero alimentar cada palavra da tua boca, quero ser a chuva que te molha...quero, mas o vento não te devolve a este lugar inútil.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

passeias no meu rosto...

A intermitência dos teus passos afogam o meu rosto, como se variadas sensações se envolvessem de um turbilhão de emoções que a ti revelo.
O meu cabelo emaranha-se no teu corpo, pregando-o á minha pele morena que evacua a tua. Inspiras, os poros soltam água do teu interior amargo e audaz, que ao som do meu olhar se evapora...
que ao som do meu olhar é perfeição.

sábado, 12 de junho de 2010

De corpo mas, e de alma?

Sentes o corpo
Sentes a alma
Sentes o meu toque,
mas não sentes o que sinto.

...

O tempo purificou a tua personalidade
deixando-a por si pouco a pouco.
Deito o choro para não chorar
engolindo a água para não secar.
O meu paladar inala o teu sabor
visualizando essa tremenda beleza
Sabendo que por te amar escorro o suor da vaidade,
sinto o teu toque apedrejar a minha mente.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Contorno da arte

Enfrento uma tela vazia e um pincel
o gesto desejado não flui,
apenas encontro-me no refúgio do pensamento
onde o toque é ceda, onde o cheiro é mar.
Rabisco, no entanto solta-se a palavra,
e a tela continua nua ao meu olhar.
Um pedaço de folha sente-se cheia do meu ser,
ficando na minha mente só os contornos de uma vida,
e desta vez a minha mão não pintou,
a minha mão escreveu...

terça-feira, 8 de junho de 2010

Triplo !?






O corpo espera, a mentalidade desespera, a tua ausência sufoca, a tua presença satisfaz, contrái, contenta-me.
Ousas, sem qualquer pudor, fazer triplicar a "função" dos meus sentidos que imploram não só, mas apenas uma aproximação banal e (penso), completamente desconhecida.
A verdade é que sabe(s) como faze-lo muito provavelmente sem consciência, e se a ten(s) , o tempo que não me devolva o verdadeiro termo dos sentidos.

domingo, 6 de junho de 2010

Descontrolo o Contrôlo

Estou deitada, o meu corpo nu encontra-se somente envolvido por um lençol branco, e a escuridão predomina naquele mesmo instante e local onde me enrolo na solidão.
O cabelo cola-se á saliva dos meus lábios, o suor escorre-me pela testa ao mesmo tempo que as lágrimas se soltam, e as minhas mãos já sem forças prendem as pernas que se contorcem uma na outra ansiosamente, sinto-me sem controlo.
Tenho a boca isolada, não flui qualquer ruído da mesma, passando da ausencia de fala para a completa surdez.
Desloco a direcção da cabeça, e os meus olhos quase tão vermelhos como o verniz das minhas unhas alcançam o que menos querem ver , a copia da minha imagem gravada num objecto espelhado, concentro-me não querendo acreditar no que vejo, desconfio do meu proprio ser... os olhos já mortos fecham deitando a águra que lhes resta.
Sobe-me um arrepio como se fosse duma corrente de ar, e num suspiro...

(Fr)escura

Acordo num sobressalto, é instintivo e não sei nem consigo controlar, é frustrante.
Abro a janela, ainda com os olhos semicerrados devido á luz que teima em "ferir-me", sentindo a frescura momentânea do orvalho matinal a tocar suavemente na minha cara, é inexplicável, como se fosse uma sensação de alivio, deixando-me liberta.
Num gesto delicado lavo a minha face com a água gélida da manhã, tal acto que faz levar o meu corpo quente a um estado de êxtase mas que ao mesmo tempo "dói".
Vejo-me no reflexo espelhado, onde me olho nos olhos e observo o meu ser, o eu interior e exterior, e sei que, a minha própria imagem não me é indifrente, é bom o que vejo, gosto de mim, da minha personalidade.
Talvez seja um pouco orgulhosa. Defeito , feitio ou característica?
Não sou perfeita, agrado a uns e desagrado a outros.
Não vivo os sonhos, mas luto para que eles sejam palpáveis!
Volto a acordar e desta vez tudo é sereno.

(Na) viagem

Oito da manhã, tenho a cara estatelada no vidro da janela do autocarro e o meu corpo confortavelmente sentado, por incrivel que possa parecer, recebendo o quente da luz do sol que reflecte no vidro.
Ouve-se o ruído perturbador dos passageiros, conversas paralelas que para mim são um simples som de fundo. É espantoso como uma cenário destes me leva a reflectir situações diárias de maneira diferente, com maior exactidão, talvez..
Na minha cabeça fervilham coisas inumeras, coisas desconfortáveis mas que insisto que estejam presentes dia após dia, o desejo de querer, de ver, de tocar, de sentir, de ter !
É algo platónico.

presa ao relógio

O som suscita da minha voz, uma caricia solta-se da minha mão,
o relógio não pára, o tempo corre com exactidão.
Um pingo percorre a minha cara, parando a sua viagem nos meus lábios...é uma lágrima,
uma lágrima doce, que espalha o teu veneno viciante, que dificilmente conseguirei deixar.

hoje

hoje sinto-me assim
hoje não sou mais eu,
hoje és tu em mim,
hoje o eu morreu.