quinta-feira, 17 de junho de 2010

Lugar (IN)útil


Frágil e incoscientemente , toco na firmeza deste lugar inútil.
Um suspiro falso se ergue na tua chegada...um choro de engano solta-se na tua ida.
As rugas vingam-se da memória , e ventos jámais te trarão tão perto.
Com intensidade os segundos passam, e relembro a indifrença de "saber falar a tua lingua", a indifrença de te ver vaguear.
Hoje quero alimentar cada palavra da tua boca, quero ser a chuva que te molha...quero, mas o vento não te devolve a este lugar inútil.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

passeias no meu rosto...

A intermitência dos teus passos afogam o meu rosto, como se variadas sensações se envolvessem de um turbilhão de emoções que a ti revelo.
O meu cabelo emaranha-se no teu corpo, pregando-o á minha pele morena que evacua a tua. Inspiras, os poros soltam água do teu interior amargo e audaz, que ao som do meu olhar se evapora...
que ao som do meu olhar é perfeição.

sábado, 12 de junho de 2010

De corpo mas, e de alma?

Sentes o corpo
Sentes a alma
Sentes o meu toque,
mas não sentes o que sinto.

...

O tempo purificou a tua personalidade
deixando-a por si pouco a pouco.
Deito o choro para não chorar
engolindo a água para não secar.
O meu paladar inala o teu sabor
visualizando essa tremenda beleza
Sabendo que por te amar escorro o suor da vaidade,
sinto o teu toque apedrejar a minha mente.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Contorno da arte

Enfrento uma tela vazia e um pincel
o gesto desejado não flui,
apenas encontro-me no refúgio do pensamento
onde o toque é ceda, onde o cheiro é mar.
Rabisco, no entanto solta-se a palavra,
e a tela continua nua ao meu olhar.
Um pedaço de folha sente-se cheia do meu ser,
ficando na minha mente só os contornos de uma vida,
e desta vez a minha mão não pintou,
a minha mão escreveu...

terça-feira, 8 de junho de 2010

Triplo !?






O corpo espera, a mentalidade desespera, a tua ausência sufoca, a tua presença satisfaz, contrái, contenta-me.
Ousas, sem qualquer pudor, fazer triplicar a "função" dos meus sentidos que imploram não só, mas apenas uma aproximação banal e (penso), completamente desconhecida.
A verdade é que sabe(s) como faze-lo muito provavelmente sem consciência, e se a ten(s) , o tempo que não me devolva o verdadeiro termo dos sentidos.

domingo, 6 de junho de 2010

Descontrolo o Contrôlo

Estou deitada, o meu corpo nu encontra-se somente envolvido por um lençol branco, e a escuridão predomina naquele mesmo instante e local onde me enrolo na solidão.
O cabelo cola-se á saliva dos meus lábios, o suor escorre-me pela testa ao mesmo tempo que as lágrimas se soltam, e as minhas mãos já sem forças prendem as pernas que se contorcem uma na outra ansiosamente, sinto-me sem controlo.
Tenho a boca isolada, não flui qualquer ruído da mesma, passando da ausencia de fala para a completa surdez.
Desloco a direcção da cabeça, e os meus olhos quase tão vermelhos como o verniz das minhas unhas alcançam o que menos querem ver , a copia da minha imagem gravada num objecto espelhado, concentro-me não querendo acreditar no que vejo, desconfio do meu proprio ser... os olhos já mortos fecham deitando a águra que lhes resta.
Sobe-me um arrepio como se fosse duma corrente de ar, e num suspiro...

(Fr)escura

Acordo num sobressalto, é instintivo e não sei nem consigo controlar, é frustrante.
Abro a janela, ainda com os olhos semicerrados devido á luz que teima em "ferir-me", sentindo a frescura momentânea do orvalho matinal a tocar suavemente na minha cara, é inexplicável, como se fosse uma sensação de alivio, deixando-me liberta.
Num gesto delicado lavo a minha face com a água gélida da manhã, tal acto que faz levar o meu corpo quente a um estado de êxtase mas que ao mesmo tempo "dói".
Vejo-me no reflexo espelhado, onde me olho nos olhos e observo o meu ser, o eu interior e exterior, e sei que, a minha própria imagem não me é indifrente, é bom o que vejo, gosto de mim, da minha personalidade.
Talvez seja um pouco orgulhosa. Defeito , feitio ou característica?
Não sou perfeita, agrado a uns e desagrado a outros.
Não vivo os sonhos, mas luto para que eles sejam palpáveis!
Volto a acordar e desta vez tudo é sereno.

(Na) viagem

Oito da manhã, tenho a cara estatelada no vidro da janela do autocarro e o meu corpo confortavelmente sentado, por incrivel que possa parecer, recebendo o quente da luz do sol que reflecte no vidro.
Ouve-se o ruído perturbador dos passageiros, conversas paralelas que para mim são um simples som de fundo. É espantoso como uma cenário destes me leva a reflectir situações diárias de maneira diferente, com maior exactidão, talvez..
Na minha cabeça fervilham coisas inumeras, coisas desconfortáveis mas que insisto que estejam presentes dia após dia, o desejo de querer, de ver, de tocar, de sentir, de ter !
É algo platónico.

presa ao relógio

O som suscita da minha voz, uma caricia solta-se da minha mão,
o relógio não pára, o tempo corre com exactidão.
Um pingo percorre a minha cara, parando a sua viagem nos meus lábios...é uma lágrima,
uma lágrima doce, que espalha o teu veneno viciante, que dificilmente conseguirei deixar.

hoje

hoje sinto-me assim
hoje não sou mais eu,
hoje és tu em mim,
hoje o eu morreu.